Chega ao Brasil o mais avançado tratamento contra a artrose

Uma nova terapia para tratamento da artrose – doença que aflige grande parte da população a partir dos 40 anos de idade – começa a ser empregada com sucesso no Brasil. É a PST – Pulsed Signal Therapy, novidade também no exterior (operacional em cerca de 20 países), mas muito difundida na Alemanha, onde foi desenvolvida. De acordo com os médicos que a aplicaram em algumas centenas de pacientes brasileiros, a terapia funciona em mais de 70% dos casos, eliminando as dores e o desconforto típicos da artrose e devolvendo a mobilidade às articulações atingidas pela doença.

Um dos pioneiros do tratamento é o professor titular e diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do complexo Hospital das Clínicas-Faculdade de Medicina da USP, o ortopedista Tarcísio Pessoa de Barros, especialista em coluna com reconhecido prestígio em âmbito nacional e internacional. “Tive oportunidade de acompanhar vários pacientes submetidos ao tratamento com PST e minha impressão pessoal é semelhante à dos autores estrangeiros, ou seja, melhora em torno de 70%. Sua indicação principal é para lesões de partes moles, com inflamação ou degeneração tecidual e particularmente lesão de cartilagem, com artrose em fase inicial. Essa parece ser a situação ideal de indicação dessa nova técnica.”

Em Porto Alegre, o cirurgião Mauro Meyer, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, entre outras entidades médicas, aplicou a terapia em mais de 130 pacientes, nos últimos 12 meses, no Centro Avançado para o Tratamento da Artrose. Ficou plenamente convencido de sua eficácia. Ele interessou-se por PST após ler artigo publicado no British Medical Journal, relatando casos de regeneração de cartilagem in vitro. Acabou sendo conquistado pelos resultados que observou nos próprios pacientes.

“A melhora clínica é evidente e, embora não se tenha ainda a comprovação definitiva da regeneração da cartilagem in vivo, as imagens radiológicas mostram que não há aumento da artrose, o que já é um excelente resultado”, afirma. De acordo com o Dr. Meyer, muitos pacientes que não reagiram bem aos tratamentos tradicionais, à base de fisioterapia e antiinflamatórios, tiveram sucesso quando tratados com PST. Especialista em quadris e joelhos, o médico gaúcho operou recentemente no México a ex-primeira dama Sacha Montenegro, atriz do cinema mexicano que foi casada com o presidente Lopes Portillo.

PST só não está sendo empregado em larga escala devido ao custo do tratamento. Mesmo no exterior, ele não é coberto pelos planos de saúde. Por isso, o equipamento só está disponível em poucas clínicas que atendem a uma clientela de maior poder aquisitivo.

O tratamento

A Sociedade Brasileira de Reumatologia calcula que a artrose – doença articular degenerativa do grupo genericamente chamado de “reumatismos” – atinge mais da metade da população adulta, a partir dos 40 anos. Após os 70 anos, cerca de 70% das pessoas apresentam evidência clínica ou radiológica da doença e entre 30% e 50% sofrem cronicamente com ela. Não espanta, assim, que seja responsável por 7,5% dos afastamentos do trabalho, índice que a coloca também como segundo motivo do total de pedidos iniciais de auxílio doença. Na prorrogação da ajuda, a doença mantém a posição, mas eleva sua participação para 10,5%, sendo também a quarta no ranking das aposentadorias por invalidez (6,2%). Os dados são da previdência social brasileira.

A artrose caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas como os populares “bicos de papagaio”. Muitas vezes, não tem causa conhecida; em outras, decorre de defeitos das articulações, como os joelhos com desvios de direção, e alterações do metabolismo (aumento de peso, por exemplo), com importante participação da hereditariedade. Há, ainda, as causas ligadas a traumas agudos ou crônicos, estes resultados de atividades repetitivas e exercícios físicos em excesso. Por outro lado, a saúde de uma articulação depende diretamente de sua atividade, dentro dos limites fisiológicos. Ou seja, a inatividade também é prejudicial à cartilagem.

A terapia PST baseia-se no princípio de que cada articulação em movimento gera ao seu redor um campo eletromagnético fundamental para a auto-regeneração dos tecidos. Nas pessoas afetadas por artrose, inflamações, traumas e lesões articulares, esse campo é distorcido e fortemente atenuado, perdendo muito de suas capacidades naturais. Por meio de um tênue campo magnético pulsante, PST reproduz os impulsos elétricos gerados pelo organismo sadio, fazendo com que as células voltem a funcionar como em seu estado normal. Inicia-se aí o processo de regeneração dos tecidos das cartilagens e articulações.

Aplicada sob orientação médica, PST reúne as principais metas da medicina moderna: é não-invasiva, indolor e sem efeitos colaterais; é de fácil aplicação e dá resultado. São necessárias de 9 sessões (coluna, joelhos, mãos, cotovelo, pescoço, calcanhar ou tornozelo) a 12 sessões (quadris ou ombros) de uma hora em dias consecutivos. Os resultados, em geral, serão percebidos entre a sexta e a oitava semana após a conclusão do tratamento. O efeito analgésico costuma ocorrer já nas primeiras aplicações.

Conclusões conservadoras baseadas em aproximadamente 280 mil tratamentos realizados até o ano passado em cerca de 600 clínicas em 20 países indicam eficácia superior a 70%. Resultado de 30 anos de pesquisas iniciadas nos Estados Unidos e logo estendidas para a Europa, PST recebeu sua primeira patente norte-americana em 1992, após testes clínicos realizados em centros médicos ligados, entre outras, à Universidade de Yale. Desde 1996, a terapia foi homologada como dispositivo médico da classe iia.

No Brasil, PST foi apresentada à classe médica durante o 34º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia e no 1º Congresso Brasileiro de Pesquisa Básica em Ortopedia e Traumatologia, realizados em São Paulo em outubro/novembro de 2002. A exposição sobre tratamento de artrose com PST foi feita pelo inventor da terapia, o médico e biofísico norte-americano Richard Markoll, o qual, na mesma ocasião, deu palestra no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP. Em outubro do ano passado, também a convite do Instituto, o Dr. Cecil Hershler, diretor do Grupo PST de Vancouver, Canadá, falou sobre sua experiência clínica de sete anos no tratamento da artrose e das lesões traumáticas do esporte. PST é representada no Brasil pela Bio Magnética Equipamentos.